terça-feira, 29 de junho de 2010

Entre tragos e pirilampos.


-Escrevo aqui mais uma das vezes em que me matar parece ser a única solução.

Todos nós sofremos de depressão, o fato é que uns desenvolvem mais do que os outros, porém a realidade é a mesma: ninguém é feliz.

- Caminhando pela mesma avenida, rotina, porque é preciso passar lá, é caminho. Olhei para a tapeçaria do outro lado da rua, não é de costume, não sei o que me levou a olhar para lá, o que importa é que estava lá, como se sempre estivesse, velho amor (que um dia foi motivo de sofrimento e dor), baixei a cabeça, passei apressado, o interessante é que continuou me olhando.

Achei que ia passar essa nostalgia amorosa, parecia pelo menos, mas todo maldito dia, passando pelo mesmo maldito lugar, lá estava, sempre olhando, sempre cobiçando. Será que tudo ia voltar? O mesmo amor platônico e incompreendido?

A vontade que segurava dentro de mim era a mesma de anos atrás, é havia voltado, quando menos esperava, não notara, mas não dormira aquela noite.

É perdi a rotina, como sempre, desta vez veio com mais força, seus olhos azuis parecem (de novo) dois mares com duas luas negras sempre nítidas, seus cabelos loiros como um campo de trigo, sua pele, macia,” branca como a neve”, sua voz doce e suave como a brisa de um inverno sonolento e tristonho.

Agora a obsessão é fazê-lo olhar, faze-lo perceber que estou aqui, ando procurando todos os pés de coelhos, trevos de quatro folhas (os de três devem funcionar também).

...funcionou.

- Mais um trago. Disse, ao encontrar meus olhos e a tempo de disfarçar desviando deles. –Esse cheiro sempre me incomoda se voltasse no tempo no maldito dia do primeiro trago... tragaria de novo, a única coisa que me incomoda é o cheiro de fumaça, “os cigarros podiam soltar pirilampos e não fumaça!” Fez menção de falar mais alguma coisa, mas engoliu-a como se fosse mais uma de suas besteiras, envergonhando-se.

“Agora é a hora, vamos lá fala!” - Não tente me entender, só entenda que o que sinto por você é mais do que é dito em conto de fadas. ”Pronto falei “ enquanto eu fechava os olhos e apertava as mãos,esperando pelo pior, ele levantou, cambaleou pela direita (obra das tequilas que tomamos), e me deu um beijo... Fez cara de assustado, e correu, talvez para outra rua escura, mas sozinho.

...passou um dia, dois, uma semana, nem à frente da tapeçaria do outro lado da avenida não o vi mais.

Caía em depressão, a velha e amiga, a que em tempos me fez me matar. Procura-lo?, talvez, mas pra que? Se ao menos me telefonara. Decidi correr atrás (alguém já percebeu que quanto mais a gente corre atrás de uma pessoa mais ela tende a se afastar?), liguei...

_Alô? desliguei antes que ouvisse a minha voz. Foi então que desisti.

Passar o tempo, o vi, vindo de encontro, na mesma e maldita avenida, virou-me o rosto, senti vontade de lhe apunhalar o pescoço, em vez disso, virei ás costas ( sendo observado, deduzo) e caminhei para longe.

A tristeza que me passou virou um tipo de raiva deprimida: “seus olhos azuis parecem (tão azuis que me enoja) dois buracos negros que destrói tudo que o toca, seus cabelos loiros tão horríveis quanto palhas de lavanda, sua pele, áspera, sua voz venenosa, dissimulada como de uma cobra.

Quanto mais as memórias desse desgraçado sentimento me voltam, mais me corrôo.

Quando que o amor me dará trégua? Quando posso descansar em paz longe dele?

Quando que a maldita e suja vontade de desgraçar a minha vida irá embora?

Um comentário:

  1. Veetor ! *-*
    que lindo seu blog. eu gostei.
    você escreve beeem !

    TEAMO. <3

    ResponderExcluir